Poema de Corina Fernandes Vieira (minha mãe)
Um fato inusitado.
Hoje, 27 de Setembro, dia chuvoso e bucólico carregado da mais doce nostalgia, aconteceu-me um fato inusitado que me ensinou muito sobre mim e sobre o meu "mundo".
Pegar o transporte no Bairro São Vicente para ir ao trabalho no centro da cidade é rotina. Tão rotina que acabei pegando o ônibus errado (ou certo?), pois essa semana não haveria aulas de reforço no centro da cidade. Eu já sabia que o coletivo em questão daria a volta na cidade inteira para depois passar pelo meu bairro, mas como eu não estava disposto a pagar pela passagem novamente, resolvi relaxar e aproveitar a "viagem".
Bom Despacho é uma cidade pequena. Não diria que é uma cidade rica. Quando limpa, pode ser muito bonita! Observava ao longo da longa jornada tudo o que passava aos meus olhos, e lembrava o quanto a gente deixa de perceber detalhes na correria do dia-a-dia... se bem que eu nunca fui de deixar de notar imagens, sons e cheiros atrativos à minha pessoa. O tempo úmido trouxe aos meus sentidos o cheiro das plantas molhadas. O cheiro nobre dos ipês e o doce odor das gramíneas, não há cheiro melhor no mundo! Nem mesmo o da pessoa amada! O cheiro das plantas é eterno e não está em você todos os dias. Você não pode escolher ter o cheiro das plantas quando bem desejar... Pelo menos não aquele cheiro voluntário do desabrochar das flores.
Lembrei-me da Chácara do Curral, onde nunca fui tão feliz com a presença de meus avós maternos, tios e uma "penca" de primos. Lembrei-me da casinha de minha saudosa avó paterna
Em um momento de compaixão, tive pena daqueles que têm os olhos enclausurados para as coisas mais simples, como o cantar de um pássaro ou o florir de uma quaresmeira. É uma pena que enxerguem somente notas, status e pessoas em sua frente.
Vi várias igrejas e templos ao longo do caminho, e refleti sobre a necessidade de o homem ter fé
Durante o trajeto não vislumbrei somente o passado, mas pensei também no futuro. Descobri que já não o temo mais como temia antigamente. Encontrei-me em uma profissão que venero desde antes de qualquer coisa. Para exercer tal função são necessários dois dons: O dom de lecionar e o dom da humildade, do reconhecimento do erro. Nasci dotado dos dois e trilhei o caminho dos mestres. Aprendi e ainda aprendo com os melhores! Quanto à solidão que sempre temi, sempre foi minha amante, e não há como negá-la em minha vida.
Ao longo da viagem, conheci uma Bom Despacho que não conhecia (literalmente), mas também conheci algo que eu havia perdido em algum lugar pelo caminho desta nem tão longa vida: A minha pessoa.
Nunca fui tão "EU" em minha vida! E divido isto com vocês, leitores! Vocês conhecem parte de minha vida que nem minha família conhece!
Agradeço o apoio e o incentivo de vocês, amigos! Sim, eu não deveria reconhecê-los por outro "nome" que não fosse por "AMIGOS". Sinto-me reconfortado ao saber que não sou o único a pensar da maneira que penso, sinto-me aliviado em saber que, onde quer que vocês estejam, concordam em pelo menos alguns pontos comigo.
Quando o caminho ficou para trás e os pulmões voltaram a respirar os ares do centro da cidade, comecei a me desprender de mim mesmo, faltavam cerca de 15 minutos para o fim da "viagem" (após decorridos curtíssimos 50). Ao chegar perto de meu ponto, abri os olhos como quem acorda de um sonho e fui retomando minha consciência portátil. Deu-me uma pontada no coração!
Pensei se eu deveria escrever minha experiência aqui. Foi uma decisão fácil!
Afinal, este blog sou EU, e sou EU quem vos escreve!
Abraços, e muito obrigado!
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Oh! linda dama, tão suave e elegante
Que se banha no ouro, na seda e no sangue
Chegou sem ser chamada, pois que és tão maldita
Rejeitar-te eu fiz quando tiveste minha vida
Choro e vivo por ti na diária loucura
De evitar-te por vez e querer-te à ventura
Pois tu és maldição e também tentação
És choro, és mágoa, amor e paixão
Corre longe de mim e dos meus
Pois te quero distante
Mais no preço do instante, amor
Vem e cura minha dor
Serena dama, não me leve pra cama
Te vislumbro de pé
Não me faça sofrer ou implorar por ti
Não abale minha fé
Mais amarga que o féu, traz em mim o desejo
De clamar só por ti no ensejo do beijo
Mas de ti não te me queixo, amor
Te espero e não temo