Punhado
A memória aos poucos se esvai
Levando um punhado de mim
Entre titubeios, meu pai
A leva aos poucos enfim
Da impavidez de outrora
Resta apenas tormento
E o suspiro que aflora
Não traz nenhum livramento
Os olhos antes de fera
Agora posam serenos
Na soledade da era
De tempos nem tão amenos
Mas sim de almas em brumas
Que se quiseram em vida
E sem deixar coisa alguma
Deixaram-na, tão sofrida
Não culpo os desencarnados
Pois eu também os queria
E peço, ó pai sagrado
Que descansem em harmonia
.
Roda
Daniel FV - 12/01/2015
Às vezes, de tudo o que faço
Disfarço nas ondas dos sonhos
Me engano no girar da roda
A grande que nunca para
Pois que pra viver é preciso
Somente de estar vivo
Um sonho a mais na cabeça
E a alma que não endureça
Na brincadeira do tempo
Eu sigo lento e perene
No vira ano, sai ano
No aclamar do rival
Cuja ampulheta não falha
No prego segue a mortalha
Embora a tripulação
Navegue em meu coração
E nesses mares bravios
De penosos desafios
Vou tocando a canoa
Fase ruim ou fase boa
Desbravando o consciente
Embalando a chama ardente
Que teima em não extinguir
Que não me deixa partir
.
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